PT compõe com direita no Congresso e tendência interna diverge
Foto: Lula Marques
Os últimos dias foram de intenso debate e movimentação Nacional em torno da escolha da presidência da Câmara dos Deputados e o Partido dos Trabalhadores (PT), bem como PCdoB, PDT, PSB e Rede, declararam apoio ao mdebista Baleia Rossi (SP), o que despertou sentimentos diversos na militância.
O entendimento da bancada petista na Câmara é a composição de um bloco em troca de um pacto pela independência do Legislativo, contra o perigo real do autoritarismo de Bolsonaro, mas o entendimento não é unanimidade dentro do PT e suas instâncias democráticas, conforme nota divulga pela corrente interna petista, Democracia Socialista, “desperdiça uma oportunidade importante de enfrentar temas como a luta contra o feminicídio, a luta pela soberania nacional, contra as privatizações e a agenda neoliberal que compromete o presente e o futuro do país”.
Nas redes sociais, as opiniões também divergem:
Veja nota da DS na íntegra:
Sobre a posição da bancada do PT na Câmara | Democracia Socialista
No final de 2020, quando as discussões internas e públicas sobre a eleição para as mesas diretoras e presidências da Câmara e Senado se iniciaram, a Democracia Socialista posicionou-se publicamente.
Uma posição em defesa de “um bloco parlamentar que reúna as bancadas de esquerda, apresentando uma plataforma que combine as reivindicações importantes para a luta parlamentar – o funcionamento da Câmara e do Senado com caráter pluralista, respeitando a proporcionalidade das bancadas e suas presenças na mesa diretora e nas comissões.”
“E aberta à presença e pressão da sociedade civil – com bandeiras nítidas e que dialoguem com os objetivos gerais da luta do povo trabalhador: a defesa da soberania nacional, combatendo as atrocidades realizadas pelo governo na Amazônia, protegendo o patrimônio nacional e as empresas públicas; o fim do teto de gastos, garantindo investimentos na educação e no SUS; a defesa dos direitos trabalhistas e dos salários; uma agenda de combate à pandemia com garantia de vacina para todos e a prorrogação do auxílio emergencial; a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos das mulheres, negros, indígenas e LGBTs; e o impeachment de Bolsonaro.”
Esta posição nos orientou no debate da nossa bancada e no diálogo com as bancadas dos demais partidos de oposição ao governo Bolsonaro e nos levou a defender o lançamento de uma candidatura da esquerda, capaz de defender uma agenda alternativa e antagônica ao projeto ultraliberal e antipovo que une a base do governo e o bloco neoliberal PSDB-MDB-DEM e outros, liderado por Rodrigo Maia. Não desprezamos a necessidade de derrotar o governo Bolsonaro, mas, em uma eleição em dois turnos, a esquerda não precisa abrir mão de sua identidade política e nitidez programática para isso.
Prevaleceu, no entanto, o entendimento da maioria da bancada de apoiar o deputado Baleia Rossi, do MDB, candidato do bloco liderado por Maia. Na nossa opinião, uma opção equivocada: cria uma desvinculação frágil entre a luta parlamentar e a disputa na sociedade; desperdiça uma oportunidade importante de enfrentar temas como a luta contra o feminicídio, a luta pela soberania nacional, contra as privatizações e a agenda neoliberal que compromete o presente e o futuro do país, em defesa dos direitos dos trabalhadores, pelo impeachment de Jair Bolsonaro e pelo resgate dos direitos políticos e cidadãos do ex-presidente Lula, conforme a nota do PT afirma; e alimenta o discurso “antissistema” do presidente, “perseguido e sabotado pelo complô da velha política”.
Seguiremos apontando os limites e equívocos da decisão e lutando cotidianamente para construir uma ação cada vez mais unitária dos partidos de esquerda no Congresso e na ruas pelo Fora Bolsonaro e contra a agenda ultraliberal e antipovo que unifica a direita brasileira, dentro e fora do governo.