Cooperativa incentiva mulheres no Tocantins
Isabella Santa Rosa
Menos valorizadas no mercado de trabalho formal, mulheres costumam ter salários menores aos dos homens e ocupam posições hierárquicas inferiores. Mas no cooperativismo essa lógica é um pouco diferente. Em Tocantins, numa cooperativa de homens e mulheres, elas não ganham menos nem estão em posição de nível inferior. Elas são incentivadas a diversificar e produzir maior variedade de produtos.
De tudo que é comercializado na Cooperativa de Produção e Comercialização dos Agricultores Familiares, Agroextrativistas e Pescadores Artesanais de Esperantina (Cooaf-Bico), as vendas das mulheres representam 75%, enquanto que dos cooperados homens, o percentual é de 25%.
A força de trabalho é composta por 10 homens e 20 mulheres. O incentivo às mulheres garantiu uma maior participação delas na entidade. A diretora da Cooaf-Bico, Maria Senhora, explica.
“As mulheres começaram a participar mais na cooperativa, por isso são maioria. Já os sócios homens têm uma escala maior de produção. Por exemplo, produzem dez sacos de farinha, dez sacos de arroz e pronto. As mulheres têm uma variedade maior, produzem farinha, arroz, mandioca, coco da praia, cebola, coentro”, conta.
Criada em 2007, a partir da necessidade dos trabalhadores e trabalhadoras rurais que faziam parte do sindicato da categoria, em comercializar suas produções na região do Bico do Papagaio, a Cooaf-Bico os cooperados a se organizarem e em 2014, após a discussão com órgãos institucionais que compram da agricultura familiar, foi possível iniciar a comercialização em maior escala garantida no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Maria Senhora conta que naquele ano, em 2014, a comercialização do que as mulheres produziram foi um montante de 45% e os homens, 55%. “Eu pensei, isso não tá certo, a gente [as mulheres] têm que estar pelo menos perto da produção deles”.
Em outro projeto, agora em 2016, esse já um pouco maior, as mulheres produziram e comercializaram 60% e os homens 40%. Em 2018, as mulheres produziram e comercializaram 73% e os homens 27%, e neste ano, o projeto em execução, as mulheres já comercializaram 75% e os homens 25%.
Segundo Maria Senhora, a maior revolução que aconteceu durante esse tempo de cooperativa foi o entendimento e o reconhecimento, entre as mulheres, de suas capacidades. “Elas aprenderam a valorizar o seu trabalho, elas aprenderam a dizer eu sou capaz, eu produzo, eu vendo, eu administro meu serviço e a minha economia”, aponta.
Com a característica importante da agricultura familiar, que é a grande variedade de produtos, a Cooaf-Bico tem crescido e se desenvolvido na região do Bico do Papagaio, mudando a vida dos pequenos produtores locais. Sobretudo das mulheres, que tiveram suas vidas transformadas com o desenvolvimento do cooperativismo solidário na região do Bico do Papagaio.
Fonte: JBP