Entidade pede medidas urgentes para proteção de indígenas na pandemia

Entidade pede medidas urgentes para proteção de indígenas na pandemia

A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns (Comissão Arns) encaminhou, na última segunda-feira (20), um ofício ao Ministério da Justiça e Segurança Pública pedindo a adoção de medidas urgentes neste período de crise pela covid-19 para proteção das terras indígenas. De acordo com a entidade, as invasões de terras indígenas têm ameaçado ainda mais a sobrevivência dessa população em meio à pandemia.

“O contexto da pandemia agrava muito a situação dos indígenas. As invasões – de grileiros, garimpeiros, madeireiros – que já são graves por si mesmas, elas no contexto de pandemia permitem um contágio que é extremamente perigoso, sobretudo para povos aldeados e mais ainda para povos isolados, que são os povos indígenas que se isolaram justamente para escapar de conflitos, de morticínio e de epidemias”, disse Manuela Carneiro da Cunha, antropóloga que pesquisa questões indígenas e membro da Comissão Arns.

A antropóloga disse que o primeiro yanomami a morrer com a covid-19, um jovem de 15 anos, contraiu o vírus em área invadida por um garimpo. “O estado tem obrigação de desintrusar essas terras. Essas invasões, que já eram muitas, aumentaram muito no ano passado. Em setembro do ano passado, o Conselho Indigenista Missionário [Cimi], que é quem monitora as invasões, já tinha notícia de 153 terras indígenas invadidas, que era mais que o dobro do ano inteiro de 2018”.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) recomendou aos estados e governos que respeitem o isolamento voluntário dos indígenas, devido aos graves impactos que o contágio do vírus poderia representar para a vida dessas populações.

“É possível que essa pandemia chegue às aldeias indígenas e isso é gravíssimo porque essas doenças respiratórias são conhecidamente muito mais mortíferas entre os povos indígenas. A forma de vida que eles têm, comunitária e tradicionalmente várias famílias moram em casas comuns, facilita o contágio, então há um perigo muito grande, acrescido com essas invasões que estão aumentando”, disse.

Fonte: Agência Brasil

Foto: Dida Sampaio / Estadão

Redação