Como o regime militar reagiu à crise de meningite nos anos 1970

Como o regime militar reagiu à crise de meningite nos anos 1970

Uma onda mundial de surtos epidêmicos de meningite atingiu a cidade de São Paulo em 1971. A doença, que pode ser causada por vírus, bactérias, parasitas ou fungos, consiste na inflamação das meninges, (membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal) e pode ser letal ou deixar graves sequelas neurológicas, como surdez, alterações sensoriais e necrose de membros.

No entanto, apesar do aumento exponencial dos casos de meningite, o governo do general Emílio Garrastazzu Médici não admitia publicamente a epidemia, que foi se espalhando pelo Brasil em curva ascendente até 1974.

Para analistas, a gestão Médici negava a crise sanitária porque temia que o reconhecimento de uma epidemia desestabilizasse a ordem política ou comprometesse a ideia de sucesso nacional que o grande crescimento econômico da época passava à população. Também não interessava à imagem do governo admitir que o país não tinha vacinas suficientes para a imunização em massa.

Conhecido como “anos de chumbo”, o período de Médici à frente do governo federal foi o auge da repressão do regime militar. As medidas de censura à imprensa, rotineiras no período, recaíram também sobre as questões de saúde pública.

A taxa de letalidade da doença foi de 13% e 2500 pessoas morreram apenas no ano de 1974.

O governo federal só passou a falar publicamente da doença em 1974, quando explodiram os casos de meningite. Naquele ano, o governo federal, já sob o comando do general Ernesto Geisel, criou a Comissão Nacional de Controle da Meningite, que providenciou a importação de milhões de vacinas e uma preparação mais acelerada do corpo técnico para diagnosticar e tratar a doença.

Matéria originalmente publicada em Nexo Jornal – Link para matéria

Texto: Isabela Cruz

FOTO: REPRODUÇÃO/CANAL INSTITUTO BUTANTAN NO YOUTUBE


Redação