Revolta e vergonha: Os sentimentos da CPI da Covid desta semana

Revolta e vergonha: Os sentimentos da CPI da Covid desta semana

Por Thayná Neiva

Revolta e vergonha, são as duas palavras para a CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] da Covid desta semana. O pedido que chamou atenção? Voz de prisão para o depoente Fabio Wajngartenj, falta de decoro é pouco, ouvia-se em alto e bom som.

Fabio, ex-secretário de Comunicação do governo Bolsonaro, se contradisse em sua menor fala e mentiu na maior, afirmou que a carta endereçada para o presidente e o vice, o ministro da Casa Civil, o Ministro da Saúde, o ministro da Economia e o representante da embaixada dos EUA no Brasil, enviada pela Pfizer em 12 de setembro, “se perdeu ou ficou guardada” durante dois meses. 

Sim, isso mesmo DOIS MESES sem resposta de nenhum dos endereçados. Ele, que era secretário da comunicação do presidente na época, recebeu uma ligação do dono da Rede TV dizendo que o marido de uma apresentadora da casa, tinha alguma relação com a Pfizer e pediu para avisar que não tiveram respostas do governo. 

Absurdo é o mínimo a dizer sobre um governo que em plena pandemia não tem organização nem para “achar” uma carta de oferta da única vacina possível na época, mas isso também mostra que durante esse tempo, em que o Fabio afirma que o Bolsonaro queria comprar qualquer vacina aprovada pela anvisa, que inclusive foi desmentido durante a CPI porque o Bolsonaro falou que não comprava vacina da China nem se a Anvisa aprovasse, ninguém tentou fazer contato com o pessoal da Pfizer para negociar a compra. 

“Segurança para a compra das vacinas”, eis a afirmação do ex-secretário. Ele afirma que estava buscando, mas a Medida Provisória (MP), que garante essa segurança só foi editada em fevereiro, mas o Fabio diz que ficou sabendo da carta da Pfizer no dia 9 de novembro. Essa questão foi levantada pelo senador Randolfe Rodrigues, que fez uma cronologia na data da carta até a primeira movimentação em relação à compra das vacinas, o que demora em média seis meses. 

Os trabalhos seguiram e os ânimos se exaltaram muito, principalmente porque o ex-secretario, se esquivava o tempo todo, nunca respondia perguntas objetivas de forma objetiva, sempre com rodeios. As únicas perguntas respondidas, com segurança, foram as que inclusive ele sabia horários e a fala das pessoas, resumindo as falas planejadas. Claramente ele estava muito nervoso, suou e gaguejou quando foi pressionado, a maior parte dos senadores foram bem incisivos e acabaram se exaltando com ele. 

Inclusive, por conta do rodeio dele, o presidente da CPI, que até então buscou a linha imparcial, soltou um “eu não quero saber sua opinião, eu quero que você responda”, porque toda pergunta que fazia para um sim ou não ele iniciava com um “eu acho”. 

Randolfe chegou a ler a carta da Pfizer que falava “celeridade é crucial devido à alta demanda de outros países e ao número limitado de doses” e perguntou como ninguém fez nada durante meses sobre essa negociação, o Fabio falou que eles ofereciam 500 mil doses, mas que isso foi saber só depois da ligação e de saber da carta dia 9 de novembro. Ai o Omar questionou que outras pessoas também estavam endereçadas na carta e ninguém falou com o presidente, o Fabio disse que não era de competência do chefe da pasta saber de cartas endereçadas.  Então é de quem? (Pergunta que não quer calar)

Entre suas informações, o ex-secretário disse que teve três encontros com o pessoal da Pfizer, um com o CEO e outros dois com representantes, sempre com testemunhas e dizia que não estava fazendo negociações, estava só “preocupado com a vida como todos os brasileiros”. 

Questionado sobre a entrevista para a Veja, em que falou sobre a incompetência do Ministério da Saúde, Wajngarten respondeu que não havia falado nada do Pazuello, o ministro. Os senadores foram categóricos ao dizer que ou ele [o ex-secretário] mentiu para a revista ou estaria mentindo na CPI. Chegaram a falar em prisão e exigiram que a Veja enviasse o áudio da entrevista. A revista publicou, em seguida, online, e a senadora Leila colocou o áudio do Fabio falando que tinha sim incompetência no Ministério da Saúde. 

O senador Renan Calheiros pediu a prisão de Fábio por mentir, ele é o relator, e quando apareceu o Flávio Bolsonaro chamou o Renan Calheiros de vagabundo. “Imagina um cidadão honesto ser preso pelo vagabundo do Renan Calheiros”.

Edição: Fábio Coêlho

Redação