Não seja vítima de fakes news, confira 7 dúvidas sobre a vacina contra Covid-19
A população brasileira está sendo bombardeada com notícias falsas, as tais das fakes news, sobre as vacinas contra a Covid-19. Isso atrapalha o enfrentamento a pandemia, que depende de um percentual alto de pessoas vacinadas, e ainda deixa algumas pessoas em pânico.
Em seis meses, o Brasil imunizou pouco mais de 46% dos brasileiros com ao menos uma dose dos imunizantes disponíveis. Apenas 18,7%, está completamente imunizada com as duas doses da AstraZenica, Pfizer ou CoronaVac ou com a dose única da Janssen.
A legião de não vacinados tem muitas dúvidas, a maioria provocada pelas fakes news. Qual vacina tem mais eficácia? Vai ter que tomar a terceira dose da CoronaVac? Devo tomar as duas doses? E se tomei somente a primeira dose, estou completamente imune? Quero beber uma cerveja e abrir um vinho para comemorar a vacinação, vai cortar o efeito da vacina? São apenas algumas das dúvidas corriqueiras que circulam pelo WhatsApp.
Para combater as notícias falsas e trazer informações confiáveis e relevantes sobre a questão, o Portal CUT ouviu dois especialistas. O primeiro é o ex-ministro da Saúde do governo da presidenta Dilma Rousseff (PT), o infectologista e deputado federal Alexandre Padilha (PT), o segundo é Diego Xavier, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz), tiram dúvidas sobre a campanha de vacinação no Brasil.
Antes de responder as dúvidas sobre as vacinas à reportagem, tanto Padilha como Diego criticaram o Ministério da Saúde pela paralisação da vacinação em nove capitais brasileiras. Eles citam a desorganização do plano de vacinação do país como um todo e falam do desmonte do Programa Nacional de Imunização (PNI) feito pelo governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL).
“Nós tínhamos essa semana nove capitais do país que não tinham mais vacinas e, ao mesmo tempo, 16 milhões de doses armazenadas dentro da estrutura do Ministério da Saúde. É isso mesmo. Enquanto faltavam vacinas em nove capitais, tinham 16 milhões de doses guardadas no armazém do Ministério da Saúde. É muito escandaloso”, criticou Padilha.
O Ministério da Saúde precisa acelerar o processo de distribuição e aquisição de outras vacinas para não interromper mais aplicação das doses no país, complementa Diego Xavier.
“Para tentar ajustar um pouco isso seria necessário que as regiões metropolitanas, principalmente, trabalhassem de forma mais conjunta tentando suprir a falta das vacinas. Entendendo que a saúde funciona em rede, sempre funcionou em rede”.
Confira os 7 pontos-chaves sobre as vacinas contra Covid-19
1 – Por que é preciso tomar duas doses das vacinas Astrazenexa/Oxford/Fiocruz, CoronaVac/Instituto Butantan e Pfizer?
Isso acontece, segundo o ex-ministro Alexandre Padilha, porque algumas das metodologias das vacinas são diferentes e a segunda dose é feita com um produto diferente da primeira dose.
Ele cita um exemplo: um skatista para fazer uma manobra perfeita, às vezes, tem que treinar uma, duas, três vezes. Assim é com a vacina. Cada dose é um treinamento para o seu corpo desenvolver uma proteção contra aquele vírus. Todas as vacinas que nós temos, exceto a da Janssen, exigem duas doses pelo menos para ter um grau de proteção duas semanas depois da segunda dose.
2 – Por que não pode escolher vacina?
Isso não é razoável, afirma Diego Xavier. A gente está no momento em que todas as vacinas cumprem um papel essencial, que é evitar casos graves e hospitalizações. Então, independentemente da vacina que a pessoa tomar vai ter esse benefício e, nesse sentido, é muito melhor ter algum algum benefício do que não ter nenhum.
Talvez, lá na frente, a gente precise dar uma dose de reforço, já estamos estudando um mix de outras vacinas para reforço. As pessoas precisam acelerar esse processo e tomar a vacina que estiver disponível, a gente não tem condição de, no momento que a gente está, escolher que tipo de vacina para tomar.
3 – Existe vacina boa e vacina pior?
Todas as vacinas que estão disponíveis no Brasil garantem proteção duas semanas depois da segunda dose, garante Alexandre Padilha. Vacina boa é aquela que está no seu braço fazendo efeito, te protegendo no meio de uma pandemia com essa, complementa.
“Não escolha a vacina, nunca fizemos. Na campanha de vacinação de H1N1 no começo da imunização, por exemplo, eram quatro tipos de vacinas diferentes. Nunca ninguém escolheu”, diz Padilha.
4 – Estou protegido se tomar apenas uma dose?
Se a pessoa tomar apenas a primeira dose da vacina não é seguro, diz Diego Xavier. “A gente precisa seguir o que está na bula do fabricante, tanto respeitando o intervalo entre a segunda dose, quanto a pessoa precisa voltar para tomar a segunda dose, senão a gente não vai ter benefício esperado pela vacina”.
5 – Bebidas alcoólicas cortam o efeito da vacina?
Essa dúvida é muito constante, diz Alexandre Padilha, que explica: “De fato, se você beber 12 horas ou 24 horas após a tomar a vacina, não vai cortar o efeito dela. Não tem nenhuma contraindicação para bebida alcoólica, o que a pessoa não deve é exagerar na bebida”.
O que está acontecendo, diz o infectologista e deputado do PT, é que muita gente toma vacina, bebe um pouco a mais, e fica mais solto ainda achando porque tem uma primeira dose da vacina pode abraçar as pessoas, ter contato, não faz de distanciamento físico, não usa álcool gel e aí se infecta logo depois que tomar vacina. Volto a dizer: a primeira dose não garante proteção total ainda.
6 – Por que é importante manter todos os cuidados mesmo depois da imunização completa?
Como o programa de vacinação no Brasil está muito lento, muito devagar, mesmo se você estiver vacinado com as duas doses, a chance de você se encontrar com alguém que não está vacinado ou que tomou apenas uma dose é muito alta, diz Alexandre Padilha.
“Por isso, mesmo vacinado, é importante você manter o distanciamento físico, o uso da máscara e não participar de nenhum tipo de aglomeração”.
7 – Posso me infectar e infectar outras pessoas mesmo vacinado?
A vacina contra a Covid-19 salva na maior parte das vezes, mas não significa que não possa ter uma falha, alerta Padilha.
“Todas as vacinas garantem 100% de proteção para evitar mortes e casos graves, mas elas não impedem que as pessoas se infectem e, ao se infectar, transmitir para outras pessoas”.
Fonte: CUT