Identidade e ancestralidade, projeto “África em nós” leva debate para escolas da Capital

Palestra sobre História e Cultura Afrobrasileira, desta vez, foi realizada no Colégio Estadual Criança Esperança, da Arno 31 (303 Norte) em Palmas.
Por Maria do Carmo Ribeiro
Ações do Projeto “África em Nós” vêm sendo realizadas em escolas públicas da Capital. Na última terça-feira, dia 15 de abril de 2025, foi a vez dos alunos do Colégio Estadual Criança Esperança, localizado na Arno 31 (303 Norte).
Com o objetivo de promover o conhecimento sobre a História e Cultura Afrobrasileira e, embasado na Lei 10.639/2003, o projeto é desenvolvido nas escolas públicas de Palmas, tendo como visão, reconhecer a cultura e a identidade tocantinense, destacando a presença da história da África no Tocantins.
Para a realização das palestras com temáticas especiais sobre a África, ninguém melhor do que Aires Paulo Pedro Panda, que é africano de Angola sabe falar a linguagem do nosso povo-irmão, sabe contar histórias e falar sobre a cultura afro-brasileira, reflexões que fazem a quebra de tabu a respeito dessa temática. Para ele, “é fundamental aprofundar o estudo sobre a história da África e da cultura africana, promovendo sua difusão, por meio de ações artísticas e culturais, viabilizando, assim, um trabalho educativo e proporcionando aos estudantes a democratização da aprendizagem de forma qualitativa e humanizada”.
O gestor da Unidade Escolar, professor Hugo, avaliou o projeto como de grande importância, principalmente o contexto do tema, pois, “estamos vivendo um tempo em que as pessoas estão mais atentas aos temas ligados aos estudos étnicos raciais e falar sobre isso dentro do Colégio é importante porque traz para os estudantes noções de pertencimento e autoconhecimento, além disso, inibe possíveis crimes de racismo”, disse ele, ainda complementando que, “enquanto escola, além de gostarmos muito, em outras oportunidades, queremos receber novamente a palestra”, enfatizou o gestor.
O Projeto tem como foco a inclusão na perspectiva da acessibilidade comunicacional, nesse sentido, a Língua Brasileira de Sinais – Libras está presente em todas as palestras, para que os estudantes sejam inseridos diretamente em todas as atividades realizadas.
Neste Colégio, como a palestra foi realizada pela manhã, estavam presentes, estudantes do Ensino Médio Bilíngue da 1ª série 02 e, das 3ªs séries 01 e 02, bem como, do Ensino Médio Regular, juntamente com seus professores.
Para a aluna Glenda de Jesus, da 1ª série “essa palestra trouxe como resultado para mim uma aprendizagem sobre a África, sua cultura, a força da arte, da capoeira e o tanto que nós, brasileiros devemos aos africanos e entendi que somos irmãos e eu me orgulho dessa nossa história”, disse ela.
O Secretário Municipal da Igualdade Racial e Direitos Humanos, o jornalista, Eduardo Azevedo participou do evento e contribuiu com a palestra junto aos estudantes, agradeceu toda equipe pela realização do Projeto, segundo a sua avaliação, o projeto, “traz a inclusão como prioridade para a valorização dos estudantes e o respeito à diversidade, em especial aos alunos surdos que estavam participando, os quais, por meio da professora, intérprete de Libras, puderam contribuir na palestra, participando com perguntas, interagindo e tirando dúvidas, portanto, um projeto necessário para se combater o racismo e para falar sobre práticas antirracistas”, disse Eduardo.
África em Nós espera impactar diretamente os estudantes, trabalhando a consciência sobre a diversidade cultural entre o Brasil (nesse contexto, o Tocantins) e a África, promovendo um processo de identificação com nossas identidades e ancestralidade, com intuito de resgatar a cidadania e refletir sobre intolerância, o preconceito e as desigualdades do racismo estrutural.
Ainda de acordo com Eduardo, “como secretário de Igualdade Racial e Direitos Humanos aqui da nossa cidade, fico muito contente em ver iniciativas como essa que levam para nossos jovens estudantes, informações tão importantes e relevantes para se combater o racismo e para fomentar práticas antirracistas”, enfatizou o secretário, sobre a sua satisfação em ser convidado a acompanhar de perto a palestra em uma das unidades escolares onde o trabalho com a inclusão é a principal pauta curricular.
Para o historiador, Adelmir Fiabani “a história da África é nossa história também. Não é apenas um direito do povo negro conhecer sua história, todas as etnias têm o direito de conhecer a história e a cultura do outro. Por muito tempo, a escola e o Estado sonegaram esse direito ao povo, mas a Lei 10.639/2003 veio corrigir esse erro histórico”, Fiabani.
DO PROJETO
O Projeto “África em Nós – Intercâmbio Cultural” integra o edital nº 22/2024/SECULT – Processos Culturais – Palmas, vinculado à Política Nacional (Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB) – Tocantins, 2024.
AGENDA DE PALESTRAS ‘ÁFRICA EM NÓS’
Dia 08/04: Escola Márcia Barbosa no Setor Santa Fé
Dia 15/04: Colégio Estadual Criança Esperança, na Arno 31 (303 Norte)
Dia 22/04: CASE no Jardim, Taquari
Dia 29/04: CEM Castro Alves, na Arno 32 (305 Norte)
Dia 13/05: Escola Cívico Militar Professora Maria dos Reis, no Jardim Taquari
Dia 20/05: Escola Estadual Liberdade, no Jardim Aureny III