Covid-19: Crescimento acelerado de casos em aldeias exige medidas de controle específicas
Desde o final de junho houve uma crescente alarmante no número de confirmações da covid-19 em aldeias indígenas no estado, que de acordo com dados apurados pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) em um mês o Tocantins apresentou o aumento de mais de 10 mil por cento no número de casos da doença.
Em última atualização divulgada pelo Ministério da Saúde na quarta-feira, 29, referente ao cenário do vírus entre os indígenas, o Tocantins já contabiliza 415 casos confirmados e 5 óbitos. Atualmente, três pacientes indígenas estão internados, um idoso em UTI, uma criança em leito clínico, e um paciente na Casa de isolamento.
As condições particulares das populações indígenas, referente a questões sociais, habitacionais, econômicas e de saúde, coloca esses povos em vulnerabilidade perante o novo coronavírus, entendendo que grande parte desses povos ainda reside em aldeias, com moradias coletivas, que inclui, por exemplo, o compartilhamento de utensílios o que amplia o potencial de disseminação do vírus.
O Ministério da Saúde, por meio do DSEI TOCANTINS subordinado à SESAI destaca “As medidas de enfrentamento e ações, permanecem sendo realizadas nas Comunidades Indígenas, principalmente na profilaxia da doença, no isolamento na aldeia e no encaminhamento dos casos que necessitem atenção especializada, principalmente idosos e grupos de risco. Nas aldeias que ainda não existem casos, permanecem ações de educação e saúde, visitas domiciliares e monitoramentos de Síndromes Gripais e Síndromes Respiratórias Agudas Graves”.
Acesso à Saúde
Outro fator agravante é o acesso de indígenas aos serviços de saúde, onde na maioria dos casos é marcado pela distância entre as aldeias e as unidades médicas, no qual se é necessário a implantação de mecanismos de amparo dessas comunidades. Com relação ao subsistema do Sistema Único de Saúde desenvolvido para atender especialmente a saúde indígena sofre com a falta de estrutura e de recursos para tratamento dos indivíduos que apresentem sintomas mais severos como a Covid-19.
Na Ilha do Bananal, onde atualmente se concentra o surto de maior escala no estado, em medida para facilitar o acesso dessa população ao atendimento médico a SESAI afirmou “Mantemos uma equipe de resposta rápida, composta enfermeiro e técnico de enfermagem na região realizando assistência em saúde, monitoramentos e vigilância dos pacientes sintomáticos de síndrome gripal, além de busca ativa e monitoramento dos casos suspeitos e confirmados”.
Ilha do Bananal
A Ilha do Bananal, na região no sul do estado, que perpassa o município de Formoso do Araguaia e cidades vizinhas é onde se localiza um dos maiores territórios indígenas do Tocantins, na área se encontra aldeias dos povos Javaé, Karajá e Avá-canoeiro e contabiliza 1.825 indígenas. Nas aldeias que pertencem a ilha foi onde se alarmou sobre a contaminação do vírus entre indígenas aqui no estado.
“Em parceria com a Prefeitura de Formoso, o DSEI TOCANTINS mantém quatro técnicos de enfermagem na casa de isolamento na Cidade de Formoso. Os profissionais, cedidos pelo Município de Formoso, permanecem 24 horas prestando assistência aos pacientes que necessitem ficar em isolamento. A Equipe Multidisciplinar de saúde Indígena, composta por Médico, Enfermeira, técnico em Enfermagem, Psicóloga e Agente Indígena de Saúde, permanece em território supervisionando sinais de perigo e de agravos dos sintomas, com assistência e ações prioritárias para a COVID -19” informou SESAI.
Foto: Ingrid Ãgohó Pataxó