Araguaína cria comitê para assistência aos venezuelanos e pessoas em situação de rua

Araguaína cria comitê para assistência aos venezuelanos e pessoas em situação de rua

Buscando aprimorar suas ações e atenção às pessoas em situação de vulnerabilidade social, a Prefeitura de Araguaína reuniu diversas instituições governamentais e civis na busca por uma atuação conjunta e coordenada. As ações estão sendo organizadas e discutidas por meio do recém-fundado Comitê Municipal Consultivo de Assistência Emergencial, coordenado pela Secretaria Municipal de Assistência Social, Trabalho e Habitação e teve sua primeira reunião realizada nessa segunda-feira, 28, em modo remoto.

Foco inicial das discussões são os 105 indígenas da etnia Warao, imigrantes venezuelanos que atualmente residem em Araguaína, no Setor Tiúba. “A assistência social é tripartite, entre Município e governos Estadual e Federal. Nós precisamos nos unir para investimentos nessas pessoas e discutir as abordagens, porque é uma situação muito diferente do que estamos habituados”, explicou o secretário da Assistência Social, José da Guia.

A Assistência Social, por meio de ações de conscientização, conseguiu que as 17 famílias realizassem seu cadastro junto ao CadÚnico, possibilitando os benefícios do Governo Federal, o que garante alguma renda às famílias. Enquanto isso, o comitê se mobiliza para traçar um plano de atuação, que inclui ações de capacitação para que as famílias possam gerar renda própria.

Até o momento, a atuação da Funamc (Fundação de Atividade Municipal Comunitária) tem buscado garantir segurança alimentar a essas pessoas por meio da doação de dezenas de cestas básicas e cestas verdes.

Desafios culturais

Para o procurador Thales Cavalcanti Coelho, do MPF (Ministério Público Federal), o principal motivo para imigração do povo Warao é a grande situação de miserabilidade na qual se encontra seu país natal e que é preciso respeitar as diferenças culturais. “Eles têm um conceito de família diferente. Todos têm responsabilidades de proteger e educar as crianças. Outro traço cultural relevante é que eles consideram pedir dinheiro na rua, uma atividade digna econômica e por isso vemos de maneira bem difundida”.

O professor linguista da UFT (Universidade Federal do Tocantins) Francisco Edviges ressaltou que por não terem conhecimento do nosso idioma e as diferenças culturais, questões que podem parecer de fácil solução são um desafio. “Eles sentem vergonha de falar para o médico ou médica suas doenças”.

O educador ressaltou ainda a importância de se considerar a instalação de uma sala de aula exclusiva, já que a tentativa de inclusão imediata em nosso sistema educacional traria prejuízos, em termos de aprendizado e cultura.

Dados

Os 105 estão divididos entre 18 famílias, compostas por homens (38), mulheres (24), crianças com menos de 14 anos (38), adolescentes de 14 a 17 anos (2), idosos (2) e autodeclarado transsexual (1). Dentre as mulheres, há quatro grávidas. Outra pesquisa realizada pela Assistência Social indica que dos 105, 84 têm CPF (Cadastro de Pessoas Físicas) e 21, não.

Redação