Bolsonaro confessa fracasso e admite que tudo “pode piorar”

Bolsonaro confessa fracasso e admite que tudo “pode piorar”

Em solenidade sobre os 1.000 dias de seu governo, Bolsonaro confessou o fracasso da sua gestão à frente do Executivo Federal. “Nada está tão ruim que não possa piorar”, disse o presidente sobre inflação e dólar elevados. “Não é maldade da nossa parte, é uma realidade”, continuou, tentando esquivar-se da responsabilidade pelo desastre da economia.

Ignorada pela mídia corporativa, a “realidade” a que se refere Bolsonaro é resultado das políticas adotadas pelo seu governo.

No gatilho da inflação está a dolarização dos preços dos combustíveis, com aumentos sucessivos que impactam os preços de alimentos, serviços e toda cadeia produtiva. Também é resultado da incompetência na gestão energética que, além da majoração das tarifas, ameaça o país com um apagão de consequências dramáticas. A inflação de dois dígitos, a queda da produção, o desemprego recorde e o endividamento das famílias condensam a tragédia.

Fiel ao seu lema de não governar para os interesses da Nação brasileira, mas para seu projeto pessoal, Bolsonaro “acerta” quando diz que “tudo pode piorar”.

As projeções apontam que a economia brasileira vai crescer menos em 2022. A estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para o próximo ano foi rebaixada para 1,72%, contra expectativa anterior de 1,93%.

O último aumento da taxa Selic, com projeção de novas correções para cima, apontam para o “pior do mundos”, com forte restrição à recuperação da economia. Por conta disso, economistas têm alertado para o risco da economia brasileira mergulhar na estagflação (entenda o que é).

“O novo aumento da taxa de juros significa uma forte restrição à recuperação da economia pós-pandemia, alvejada pela trágica combinação de desemprego, queda do poder de compra, inflação alta e juros altos“, destaca o economista Bruno Moretti, assessor da bancada do PT no Senado Federal.

“A sucessão de erros do governo de Bolsonaro e de Paulo Guedes tem forte peso na inflação, com a dolarização dos preços dos combustíveis, a má gestão da política energética e, ainda, a falta de uma política de segurança alimentar, com estoques de alimentos”, sintetiza Moretti.

Para não deixar dúvida de que a situação da economia do país só tende a se agravar, a Petrobras anunciou na tarde desta terça-feira, 28, um novo reajuste dos preços do diesel.

A partir de quarta-feira, 29, o diesel terá aumento de 8,89%, passando de R$ 2,81 para R$ 3,06 o litro. A companhia explicou que o aumento “reflete parte da elevação nos patamares internacionais de preços de petróleo e da taxa de câmbio”.

Da Redação, com Valor

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