Brasil tem “excesso de mortes” em 2021 com piora da pandemia de Covid-19
O neurocientista Miguel Nicolelis já havia alertado na semana passada que o número de vida perdidas é bem acima do esperado para 2021. Brasil poderia ter evitado 400 mil mortes por Covid-19
Com 725 mortes em 24 horas, o Brasil ultrapassa 513.544 mil vidas perdidas para a Covid-19 desde o início da pandemia. De acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde, (Conass), o impacto do novo coronavírus vai além das mais de 500 mil mortes registradas até agora e há um “excesso de mortes” no país
Segundo o Conass, nos cinco primeiros meses deste ano morreram de causas naturais 282.673 pessoas acima do esperado com base na tendência de mortalidade do período de 2015 a 2019, antes da crise sanitátia. Já de janeiro a maio deste ano, o excesso de mortes supera o registrado em todo o ano passado (275.587).
“Muita dessa mortalidade excessiva é provocada pela Covid, mas há também o impacto indireto da pandemia”, explicou Fatima Marinho, assessora sênior da Organização Não Governamental (ONG) Vital Strategies, que assessora o Conass, ao jornal Valor Econômico.
Na semana de 9 a 15 de maio deste ano, o total de mortes esperadas no país era de 23.456, conforme projeção baseada na tendência de mortalidade por sexo, idade e local entre 2015 e 2019. No entanto, foram observados 34.919 óbitos no período – diferença de 48,9% em relação à projeção.
O neurocientista Miguel Nicolelis, em artigo publicado na revista ‘Scientific Reports’ na semana passada, já havia alertado que o número de vida perdidas é bem acima do esperado para 2021. A análise do pesquisador, segundo o El País, aponta que o quadro neste ano já é mais que assustador: o Brasil deve acumular um milhão de mortes totais já em julho, de acordo com os atestados de óbitos no Registro Civil.
A ameaça de uma terceira onda da pandemia – com o aumento do número de mortes e particularmente dos casos fatais entre pessoas mais jovens – contribui para reduzir a expectativa de vida no país este ano.
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com o número de mortes computadas nos cinco primeiros meses de 2021, houve um corte de 3,2 anos na expectativa de vida do brasileiro, que era de até 76,5 anos em 2019.
Vacinas evitam 4 mortes por minuto
As vacinas contra a Covid-19, que foram ignoradas pelo governo federal no ano passado, evitam, em média, 4 mortes por minuto. O que daria de 2 a 3 milhões de mortes anualmente, e poderiam salvar mais 1,5 milhão de vidas se sua aplicação fosse ampliada, afirma a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Já o epidemiologista e pesquisador da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Pedro Hallal firmou à CPI da Covid, na última quinta-feira (24), que 95,5 mil mortes poderiam ter sido evitadas no Brasil se o governo federal não tivesse atrasado a compra das vacinas CoronaVac e da Pfizer.
De acordo com a estimativa de Hallal, 400 mil vidas poderiam ter sido salvas se o Brasil tivesse levado a sério as medidas contra a doença, como o lockdown, o distanciamento social e o uso de máscara.
Internações por Covid-19 em São Paulo caem 8,7%
Atualmente, 21.210 pacientes estão internados por Covid-19 em São Paulo. Uma semana atrás, no dia 19 de junho, o total era de 23.248. O estado registrou queda de 8,7% nas internações em uma semana.
Entre os mais de 21 mil internados, segundo o último boletim epidemiológico estadual, 11.011 estão em leitos de enfermaria e 10.199 em unidades de terapia intensiva (UTI).
Nos leitos de UTI estaduais, a taxa de ocupação está em 76,8%, enquanto na região metropolitana de São Paulo é de 71,5%.
Rio de Janeiro ultrapassa 950 mil casos confirmados de Covid-19
O Rio de Janeiro ultrapassou a marca de 950 mil casos de Covid-19, após ter 1.681 novos registros confirmados nas últimas 24 horas – totalizando 950.877 casos. O dado foi atualizado neste sábado (26).
O estado ainda soma 55.153 mortes causadas pela doença, segundo a última atualização do painel da Secretaria Estadual de Saúde.
Números da pandemia
A média móvel de mortes nos últimos 7 dias chegou a 1.661 — abaixo de 2 mil pelo sexto dia seguido. Em comparação à média de 14 dias atrás, houve uma queda de 16%.
Em casos confirmados, desde o começo da pandemia, 18.417.113 brasileiros já tiveram ou têm o novo coronavírus, com 32.963 desses confirmados no último dia. A média móvel nos últimos 7 dias foi de 70.103 novos diagnósticos por dia.
Fonte: Cut