Com quase 2,5 mil alunos não matriculados, prefeitura de Araguaína alerta para evasão escolar após aulas on-line

Com quase 2,5 mil alunos não matriculados, prefeitura de Araguaína alerta para evasão escolar após aulas on-line

Quase 2.500 pais ainda não matricularam seus filhos em Araguaína, de acordo com levantamento da Secretaria Municipal da Educação, o que fere direitos estabelecidos por lei e pode gerar punição aos responsáveis por abandono intelectual. As escolas e creches municipais iniciaram as atividades de 2021 no início de fevereiro, seguindo protocolo rígido para evitar novas contaminações da covid-19, e retornou ao modelo não-presencial em março.
 
Além da falta de matrícula, a secretária da educação, Elizângela Silva, informou que há atraso na devolução das atividades feitas em casa e que isso também pode ser considerado evasão escolar. “Um dos aspectos a destacar na dificuldade da aprendizagem no contexto atual é o fato de nem todos os alunos terem acesso à tecnologia, por esse motivo propomos as sequências didáticas impressas, no entanto, pelo menos 30% dos alunos não estão realizando as atividades propostas, uma vez que os pais não têm ido buscá-las nas unidades de ensino remoto”, afirmou.
 
Diante disso, entre outros motivos, a promotora local da Infância, Juventude e Educação, Juliana da Hora Almeida, instaurou um procedimento visando a fiscalização para a retomada segura das aulas presenciais em meio à pandemia.

Lei para todos

No mesmo espaço que a legislação brasileira atribui ao Estado a obrigação de fornecer a Educação, também exige que os pais forneçam condições para que a criança tenha acesso à escola. “O ensino básico é obrigatório e gratuito dos 4 aos 17 anos. Os pais que não fornecem essa oportunidade podem estar praticando crime de abandono intelectual de seus filhos”, alertou o superintendente da Educação, Railon Borges.

Aulas 2021

A pandemia da covid-19 pegou todos de surpresa em março de 2020, à época a Secretaria Municipal da Educação foi ágil em criar material para ensino remoto, implantando o sistema já em 17 de junho. Na época, eram atendidas 22 mil crianças em Araguaína e até o momento menos de 19,5 mil fizeram a matrícula para o novo ano letivo.
 
Para Suellem Gonçalves, que é mãe do aluno Henrique, de 3 anos, as atividades elaboradas pela Educação são ricas, mas nem todos os pais têm facilidade de inventar brincadeiras para trabalhar o lado lúdico da criança. “É diferente da rotina e não tem o convívio com outras crianças. Educação não é só atividade, é interação, e as elas estão sentindo falta. No primeiro ano de aula foi um terror, choram e querem ir embora, mas neste ano quiseram ficar”, afirmou
 
A dificuldade também aparece nas tarefas quando é necessária uma atenção individualizada, algo que na escola segue um plano de aula para cada caso. Lidiane Nogueira, mãe dos alunos Thallisson e Thiago, de 8 anos, relatou que tem recorrido ao professor para auxílio pedagógico. “Eu me esforço para nunca deixar de mandar uma atividade. Um deles sempre precisa de um pouco mais de atenção e então eu ligo para o professor e peço para explicar, mas as vezes não dá certo”, disse.

Redação