Desemprego e informalidade crescem e renda cai após golpe de 2016, comprova Dieese

Desemprego e informalidade crescem e renda cai após golpe de 2016, comprova Dieese

A longa e dura crise econômica em que vive o Brasil desde o golpe de 2016, que destituiu a presidenta Dilma Rousseff (PT), e a eleição do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) que montou uma equipe mais preocupada em beneficiar patrão e atacar direitos conquistados do que fazer e implementar um projeto de desenvolvimento econômico e social, tem efeitos negativos claros para os trabalhadores e trabalhadoras, de acordo com a análise de economistas e técnicos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) , que elaboraram o Boletim Especial de 1º de Maio. A análise traz dados econômicos comparativos entre o 4º trimestre de 2017 e o 4º trimestre de 2019 e o resultado final do ano de 2020.

O economista do Dieese, Gustavo Monteiro, um dos elaboradores do boletim, reforça o entendimento de que o agravamento da crise econômica que hoje sentimos é resultado de todas as medidas tomadas pelos governos de Michel Temer (MDB) e Bolsonaro, que retiraram direitos, aumentaram a precarização do trabalho, além de não investirem em políticas públicas e defenderem o teto de gastos públicos.

“É claro que a pandemia aumentou a crise econômica, mas o que aconteceu desde 2016, com as reformas que prometiam criar um mercado melhor, não aconteceu, exatamente por que o país já não vinha bem. Não houve o ambiente propício para investimentos como prometido”, diz Gustavo.

É este quadro desolador que vem muito antes da pandemia, que o boletim do Dieese comprova. Aumentou o desalento, a subocupação, a informalidade, o desemprego, 8,9  milhões de pessoas fora da força de trabalho, sem renda e sem perspectivas; os intermitentes quase não trabalharam e seus rendimentos mensais foram em média de R$ 637, equivalente a 64% do valor do salário mínimo (R$ 1.100) e a renda média dos trabalhadores subiu apenas R$ 41, em dois anos, entre outros números desanimadores.

Os dados mostram que, neste 1º de Maio, Dia Mundial do Trabalhador e da Trabalhadora, não há o que comemorar e, sim, lembrar que é preciso se organizar e se fortalecer, para lutar contra a perda de direitos, o arrocho salarial, os aumentos de preços, o desemprego e os desmandos do governo Bolsonaro.

A análise dos técnicos do Dieese provam que o “paraíso” prometido por quem articulou o golpe contra Dilma era uma mentira que visava apenas implantar um modelo econômico neoliberal, que concentra renda e aumenta a desigualdade social, com os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres, e ainda fazendo a classe média brasileira encolher em renda e em números de pessoas que deixaram de pertencer a esse estrato social.

A crise econômica e social do país só piorou desde 2016, ano do golpe. Já sob o governo de Temer foi realizada a reforma Trabalhista (2017), que prometia a criação de milhões de empregos, com o argumento de que os patrões tinham muitos direitos a pagar e isto impedia a abertura de novas vagas. O resultado dessa reforma e a da Previdência, já sob Bolsonaro, em 2019, e todas as medidas econômicas tomadas até hoje, se mostraram uma falácia, uma grande mentira. E tudo piorou ainda mais com a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), com o desgoverno e a falta de um comando nacional para combater a pandemia e reaquecer rapidamente a economia.

Os dados do Boletim Especial 1º de Maio

Desocupação, desalento e subocupação

O desalento e a subocupação por insuficiência de horas trabalhadas aumentaram em 681 mil pessoas, diminuindo  consideravelmente o impacto “positivo” da redução de desempregados em 635 mil, entre 2017 e 2019. No ano seguinte, em 2020, o  número de desocupados, desalentados e subocupados cresceu 3,5 milhões. O desemprego, de 2017 até os últimos três meses de 2019, caiu apenas 0,8%.

“Os desalentados, as pessoas que desistiram de procurar trabalho por falta de perspectivas são o retrato dessa situação trágica. Quando a pandemia chegou foram os trabalhadores informais, os mais atingidos, por que a reforma que prometia a criação de empregos formais, só deixou o mercado de trabalho mais instável e mais inseguro”, diz Monteiro.

Informalidade aumenta

O ano de 2020 chegou ao fim com o saldo negativo de 8,4 milhões de ocupados a menos do que em 2019. A quantidade de trabalhadores informais cresceu 5,1%, enquanto a de formais subiu apenas 1,6%, reflexo da reforma Trabalhista.

8,9 milhões fora da força de trabalho

No segundo trimestre de 2020, durante a pandemia de covid-19, muitos trabalhadores perderam as ocupações e a  falta de perspectiva, a possibilidade de contaminação e a necessidade de isolamento social  deixou 8,9 milhões de pessoas fora da força de trabalho, sem renda, trabalho e perspectiva.

Rendimento médio de R$ 41,00

O rendimento médio do trabalho também foi pífio. Entre 2017 e 2019 cresceu apenas R$ 41,00.

Em 2020, após o início crise do coronavírus, a massa de rendimentos mensal do trabalho caiu 6%, passando de R$ 217,8 bilhões para R$ 204,9 bilhões, o que significa R$ 13 bilhões a menos no bolso dos trabalhadores, todos os meses.

Intermitentes não conseguiram trabalho

O trabalhador intermitente, aquele com contrato de trabalho, mas que é chamado só quando o patrão precisa, conseguiu de renda apenas R$ 637 mensais, o equivalente a 64% do salário mínimo (R$ 1.100). 22% dos intermitentes admitidos em 2019 não conseguiram sequer um dia de trabalho.

O economista do Dieese vê com pessimismo a retomada da economia e do emprego se o governo não mudar sua política econômica, aliada a um plano de vacinação. Para ele, o país está num fundo de poço tão grande que qualquer perspectiva mínima de melhora vai trazer alguma esperança ao povo brasileiro. Mas, para isso é preciso haver mudanças.

Fonte: CUT

Redação