Desemprego, inflação em alta e falta de investimentos empobrecem os brasileiros
Os brasileiros nunca passaram por tempos tão difíceis. O Brasil vem registrando os maiores índices de desemprego nos últimos anos,os preços dos alimentos, combustíveis, contas de luz e botijão de gás estão disparando e aliado a esse cenário trágico, o governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) não investe pesado em infraestrutura, nem em políticas sociais.
Com o país sem rumo, a população está desalentada, empobrecida, passando fome, sem uma renda mínima que garanta as despesas básicas como moradia, transporte e alimentação. Depois de 10 anos, o país voltou ao mapa da fome. Um a cada quatro brasileiros diz que a quantidade de comida na mesa foi menor do que o mínimo ideal nos últimos meses, durante a pandemia da Covid-19, revelou pesquisa Datafolha publicada no final de maio.
E para piorar, está ainda sem vacina. Em todo o mundo, a imunização está contribuindo para a reabertura total das fábricas, escritórios e lojas e, com isso, reaquecendo a economia.
Também nunca na história brasileira o índice de desemprego esteve tão alto. Se somarmos os 14,8 milhões de pessoas que desempregadas aos 6 milhões de desalentadas e mais as 33,2 milhões de subutilizadas, são 54 milhões sem trabalho decente. O recorde de desemprego no primeiro trimestre de 2021, foi divulgado no final de maio pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Quem perdeu o emprego sofre, além da perda de renda, com o aumento da inflação. Não é só a comida, está tudo mais caro. É um efeito cascata que destrói a renda das famílias. Só a conta de luz aumentou 5,37% no mês de maio e deve subir mais 20% com bandeira tarifária vermelha.
O preço do arroz subiu mais de 74%, as carnes 60% e os óleos 64%. Em média, a alimentação no domicílio subiu 23,5%. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a renda das famílias de um salário mínimo (R$ 1.100) a 40 salários (R$ 44.400),fechou maio em 0,83%, após ter ficado em 0,35% em abril. É a maior alta para o mês em 25 anos. Nos últimos 12 meses, o indicador acumula alta de 8,06%.
Apesar do aumento da inflação em especial dos preços dos alimentos, ser um fenômeno mundial, em função da parada de produção e da falta de produtos, o que encarece a oferta no Brasil tem nome e sobrenome: Paulo Guedes, o ministro da Economia do governo Bolsonaro.
De acordo com o economista da Unicamp, Marcelo Manzano, a piora da economia brasileira já vinha desde o governo de Michel Temer (MDB-SP) que seguiu a linha liberal de não interferência nos preços, mas é Guedes seu maior defensor.
“O governo deixou de fazer uma lição básica, não fez estoques reguladores de alimentos, que devem ser comprados quando seus preços estão em baixa e colocar no mercado com os preços em alta, para evitar aumentos ainda maiores”, afirma o economista.
Segundo Manzano, a falta de estoques reguladores aliado à desvalorização do real muito rápida, que provocou reajustes nos produtos importados no Brasil, gerou uma onda de aumentos de preços que atinge em especial os pobres.
“ Os pobres consomem tudo o que ganham, principalmente em alimentos, mas um rico que ganha 20 vezes mais não consome 20 vezes mais comida”, exemplifica.
A classe média também está empobrecendo e os mais pobres cada vez mais pobres. Pesquisas e estudos econômicos de diversos institutos comprovam que a economia brasileira só produz desempregados, famintos e concentração de renda com os ricos cada vez mais ricos.
“O resultado de toda esta catástrofe é o aumento da desigualdade social”, diz Marcelo Manzano.
A pesquisa “Bem-Estar Trabalhista, Felicidade e Pandemia”, da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social ), divulgada esta semana confirma que aumentou a desigualdade social.
No primeiro trimestre de 2020, fase inicial da pandemia, o índice Gini estava em 0,642. No mesmo período deste ano subiu para 0,674, a maior da série analisada desde 2012. Pelo índice Gini quanto mais perto de zero maior é a igualdade.
A mesma pesquisa mostra que a renda média per capita caiu 11,3%, de R$ 1.122 foi para R$ 995. A renda média móvel, individual do trabalho caiu 10,89% no primeiro trimestre de 2021, frente a igual período de 2020. Entre os mais pobres, a baixa foi ainda maior, de 20,81%.
O que precisamos é de um programa robusto de sustentação da renda. O Guedes fez o contrário, cortou o auxílio emergencial em dezembro, demorou quatro meses para reativá-lo e com valor menor. O ideal seria manter os R$ 600 e os quase 70 milhões de atendidos na primeira fase do programa- Marcelo Manzano
Segundo o economista, sem auxílio e com a pandemia diminuindo o nível de atividade econômica, principalmente no setor de serviços que emprega dois em cada três trabalhadores, sem apoio do governo, a inatividade é inevitável e sem emprego, a pobreza aumenta.
Falta de investimentos públicos
Para Manzano, a patinação da economia brasileira, além da inflação em alta tem a ver com a falta de investimentos governamentais. Os bancos públicos, as estatais como Petrobras e Eletrobras já não investem como deveriam.
Numa senha privatista, com discurso liberal econômico, o governo federal coloca suas fichas em reformas que tiram do Estado seu papel social dizendo que o setor privado que irá investir.
Fonte: CUT