Em Araguaína, pequenos produtores rurais têm prejuízo de mais de R$ 800 mil devido a pandemia
Os produtos da agricultura familiar têm prioridade na alimentação escolar das crianças de Araguaína. Todos os anos, pelo menos 30% do orçamento da merenda são destinados aos pequenos produtores da região. Com a suspensão das aulas por causa da pandemia em 2020, o recurso que era pagamento certo e crescente foi comprometido em até R$ 20 mil por fornecedor.
Ao todo, a prefeitura do município deixou de investir mais de R$ 800 mil na agricultura familiar em 2020. Enquanto em 2019, mais de 100 produtores receberam quase R$ 950 mil, com a suspensão das aulas presenciais em 2020, somente 62 produtores entregaram alimentos e faturaram R$ 148 mil.
Afeta a cadeia produtiva
A cooperativa de Harley de Lima deixou de entregar 40% da produção de polpa, um prejuízo de R$ 2 mil por mês. “Como nossa indústria tem maquinário para pacotes de 1 kg é difícil vender no mercado”, afirmou. Além disso, a produção parada afeta os fornecedores da matéria-prima. “Um produtor com 50 pés de caju só aproveitou as castanhas”, enfatizou o pequeno agricultor.
Uns superaram rápido, outros não
O valor que José Gomes vendia para alimentação escolar era R$ 1.800 mensais, o que já representou 70% da produção de hortaliças e mandioca. “A Prefeitura dá preferência para comprar de produtores que moram mais perto da cidade e com isso sempre vendi bastante e paga melhor do que as lanchonetes e restaurantes que vendo hoje”, contou.
Apesar de trabalhar com os mesmos alimentos que José, Auriell da Silva não teve a mesma facilidade para continuar escoando sua produção, que dedicava até 60% para merenda escolar. “A gente não tinha o hábito de vender fora do público e até conquistar um número bom de clientes demorou quase um ano. Foi uma queda de R$ 800 por mês. Hoje, eu vendo por delivery, o que depende da entrega em vários setores, no município era mais fácil”, relatou.
Entrega dos alimentos
A aquisição de produtos da agricultura familiar faz parte do Plano Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), um recurso enviado pelo Governo Federal e administrado pela Prefeitura. Cada produtor pode vender anualmente a cota de R$ 20 mil em produtos. São ofertadas frutas, verduras e ainda proteínas de origem animal, como carne de frango e mel.