Eu comi a Marina Melz.
(Crônica paráfrase de um texto da Marina: Eu comi o Xicó Sá)
Foi sem querer. Calmô! Explico.
Amadureci e somente após 10 anos tomei coragem de assumir que eu comi a Marina Melz. Ela é a minha ESCRITORA FAVORITA, e é tão bonito saber que ela tá dentro de mim a cada novo passo e direção que dou. E quero que ela se dê ao mundo pra sempre. Porque Marina me faz perceber como ela faz o universo feliz.
De tanto me engolir em texto, ela chegou para me dar à luz. E cá estou! Apaixonada, entregue e feliz por ela ser a pessoa mais próxima do que desejo me tornar um dia. Eu sinto que já posso, depois de alguma experiência, fazer algo bonito em forma de agradecimento para ela, mas sei que nunca chegará em torno do que ela já fez por mim…
A Natália que sou é uma história cheia de entrelinhas dela. Porque num bar entre promessas de cafés e sonhos nunca traçados juntos, eu a comi. Com os olhos cheios de esperança de uma leitora que só queria fugir da realidade, eu deixei um suspiro de direção me guiar para o prazer de me fazer ser como ela.
Meu Deus! Como me sentia perdida e aflita, e nas palavras dela me encontrava. O mundo dizia para ser santa e puta. Já ela me dizia que eu podia ser plural. Marina me disse que a minha beleza era minha, e que não precisava odiar a Anitta. Tá confesso! Os dedos apontam que a gente odeie com tanta força às Giseles e Anitas, né? E isso, quando na verdade nós deveríamos amá-las por nos indicarem os caminhos da liberdade.
Segundo Marina, eu tinha o meu lugar na beleza das mulheres altas e magras-barra- intelectuais, mas que ousam desengonçadamente dançar até o chão. E eu fui, toda a intensidade por sua inspiração, sabia? E também foi ela quem me ensinou a cuspir, ou vomitar em texto toda a minha intensidade-barra-bagunça poética. E que me fez amar a inteireza da minha insanidade, e a quantidade imensa de vírgulas te todos os meus textos.
Aprendi a escrever, descrever e reescrever “não-histórias”, e as pessoas me leram entre bebidas e fodas, que eu jamais poderia não digitar em uma prosa poética de uma menina-mulher que só queria viver como Marina. Ela era amor, mas era foda também. Foda pra caralho. E eu precisava comer ela um dia. Esse era o meu jeito de dizer bem alto “desgraçada!”. E eu também já ouvi por aí, de um não Xico Sá.
Psiu, Marina! Você já está tão aqui, que se imprimiu no meu grupo solitário do WhatsApp que chamo de “Invisível Particular”, que é o nome do seu site. E ainda está nas minhas quase todas paixonites, e nos amores que me doeram os dígitos, e no desejo de esquentar pés gelados em costas desnudas quentes.
Você está na estante fictícia de livros que desistir de ter por sua causa. Marina ficou em mim desde o amor platônico pelos anseios do meu despertar feminino e feminista, e que ruge em cada nova atitude minha. Você está na minha profissão de jornalista, e claro, na minha definição de escritora.
Tu que apurou o meu gosto por filmes e músicas sem precisar de definição. E que me fez amar-te ainda mais por descobrir a banda 5 a Seco, e me guiar a não ter vergonha de idolatrar ainda mais Sandy e Júnior. Por me colocar um “Q” de assistir Closer, e desamar intensamente, para depois amar novamente. Eu não me defino e tudo bem!
Marina que me fez admitir o amor pelas não nuances glamourosas, e chorar sem parar ouvindo Damien Rice. E que ainda faz a lista ser grande quando penso que sou empreendedora de modo “good vibes”, mulher que é alma fã do amor pelo viés do simples, do universo minimalista, além de a guria das roupas e calcinhas confortáveis.
Talvez, eu só queria dizer que você é o que guardo de mais poético/divido/intenso em mim, e nas particularidades do que sou e escrevo. Uma quase para sempre fã. Tu que me faz mulher. Uma mulher plural. Até do seu funk ao feminejo. Da música de bar, entre cervejas e goles, até a lista que só você conhece, e já perdeu a coragem de perguntar se alguém mais da rodinha de amigos conhece.
E eu te olho daqui, porque te vejo e me inspiro ao ponto de te contar tudo que me tornei por sua causa, e te agradecer já que me fez ter uma boa relação com minhas novas personalidades, e com os inúmeros apps e redes sociais. Além de odiar intensamente, ainda mais, o imediatismo da minha geração.
E é bem aqui nesse texto, que conto ao mundo que eu comi a Marina Melz, em todas as novas fases dela, já que ela sempre me acha num bar entre cafés, vinhos, comidas chiques e dizeres poéticos. Ainda mais quando me perco. E me acho em ti, do seu, nosso jeito, todo nosso: plural.
Com afeto, Natália Rezende.