Famílias são expulsas a base de violência e agricultor é assassinado no acampamento Maria Bonita
A sexta-feira, 6, foi de terror para as 100 famílias do acampamento Maria Bonita, localizado na Zona Rural de Palmeirante. Para entender a situação veja a nota do Partido dos Trabalhadores, sobre o fato, que levou a morte um agricultor.
Nota de Repúdio do PT ao ataque no Acampamento Maria Bonita
O Partido dos Trabalhadores do Tocantins- PT/TO, vem por meio desta nota manifestar seu repúdio ao violento ataque às 100 famílias do Acampamento Maria Bonita e ao assassinato do trabalhador rural, Sr. Getúlio, ocorrido na manha do dia 6 de agosto, localizado dentro da Fazenda Navarro, Gleba Anajá, na zona rural do município de Palmeirante – TO, a 115 km de Araguaína. A terra é de propriedade da União e já se encontra em tramitação administrativa para fins de reforma agrária.
Desde 2016 estas famílias camponesas residem e produzem nestas terras, de propriedade da União, e em 2018 por decisão judicial foi determinado ao INCRA, que desse andamento aos procedimentos administrativos denominados “vistoria agronômica para fins de reforma agrária do imóvel rural”. Infelizmente o conflito permaneceu e as famílias continuaram sofrendo sistemáticas ameaças por parte dos grileiros.
Mesmo no meio da pandemia e com risco a saúde pública, o Juiz da 2ª Vara Cível da comarca de Colinas/TO expediu mandado de reintegração de posse, desconhecendo decisões judiciais anteriores e sem qualquer notificação ao MPF e a outros órgãos que acompanham o conflito, o que ocasionou em uma verdadeira arena de violência promovida por jagunços e pistoleiros a serviço da grilagem de terras. As casas dos camponeses foram destruídas e queimadas, pessoas baleadas, outras foram agredidas e torturadas. O resultado da violência foi uma pessoa assassinada, outra internada, algumas desaparecidas e todas absolutamente amedrontadas e com um grande prejuízo financeiro, pois os frutos do trabalho de cinco anos foram destruídos.
Este triste e revoltante episódio, infelizmente serve para reafirmar o que as trabalhadoras e trabalhadores camponeses, os movimentos sociais e de direitos humanos, vêm denunciando sobre os constantes atos de violência e violações ocorridas no campo provocados pela grilagem de terras e legitimadas por um projeto de morte conduzido pelo governo Bolsonaro, que é cumplice de toda esta violência, pois suspendeu a reforma agrária em todo o pais gerando uma inercia de parte das instituições do Estado brasileiro.
Esta semana, a Câmara Federal, dominada pelo centrão e pelos bolsonaristas, aprovou o PL da grilagem dos fazendeiros contra o voto dos deputados do PT. No Tocantins, sete deputados bolsonaristas votaram a favor, apenas o deputado Célio Moura do PT votou contra o PL.
Reafirmamos a nossa defesa incondicional ao direito a terra, cumprindo a sua função social de promover acesso comum e o bem viver, em especial ao povo do campo e em detrimento da acumulação e expropriação de riquezas que gera mortes e degradação do meio ambiente. Neste sentido nos solidarizamos a todas as famílias e exigimos a rigorosa apuração dos fatos, bem como a responsabilização dos criminosos.
Não podemos permitir e aceitar que voltemos à barbárie no campo, onde assassinar camponeses passava em branco aos olhos da lei e do Estado. Queremos justiça para todas as 100 famílias e principalmente para o Sr. Getúlio.
Palmas, 7 de agosto de 2021.
Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores do Tocantins – PT/TO