Privatização dos Correios: o que o caso argentino ensina
Por Fernanda Paixão, do Brasil de Fato
O tema da privatização dos correios na Argentina é antigo, mas permanece uma história sem desfecho. A concessão do serviço estatal à Socma (Sociedade Macri) – que durou até a reestatização dos correios, no governo de Néstor Kirchner, em 2003 –, resultou em um rombo de US$ 300 milhões. O Estado busca receber essa soma há 20 anos.
O longo processo judicial contra a Socma, cujo líder é Franco Macri, pai do ex-presidente Mauricio Macri, ainda deve se prolongar no tempo. Nesta quarta-feira (14), os advogados do grupo financeiro conseguiram, com uma apelação, reaver a decisão da juíza Marta Cirulli, que declarou a quebra do Correo Argentino S.A. na semana passada.
“Não subestimo a capacidade dos advogados [da Socma] para encontrar brechas e a capacidade midiática do grupo Clarín para protegê-los”, afirmou o procurador do tesouro, Carlos Zannini, em entrevista à rádio El Destape, após a declaração de quebra da empresa Correio Argentino S.A., que não opera desde a reestatização.
“Fico muito feliz com a declaração de quebra. Essa gente demonstrou muita capacidade para dilatar o cumprimento de suas obrigações”, afirmou Zannini.
De uma empresa de bom funcionamento a recurso para retirada de dólares do país, o que aconteceu com os correios na Argentina deixa uma lição para o Brasil, que busca seguir os mesmos passos.
“Qual o sentido de privatizar algo que rende frutos ao Estado?”, indaga o historiador Alejandro Olmos Gaona, especialista em direito internacional. “A influência dos lobbies internacionais faz pensar o que eles querem em função de seus interesses, e não dos interesses do país.”, acrescentou.