TSE abre inquérito para investigar ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral

TSE abre inquérito para investigar ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral

Tribunal vai apurar abusos do presidente em sua cruzada contra a democracia. Investigação pode resultar em inelegibilidade

O plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu por unanimidade, na noite desta segunda-feira (2), abrir duas medidas contra o presidente Jair Bolsonaro, em resposta à escalada do presidente contra o sistema eletrônico de votação. Primeiro, os ministros vão abrir um inquérito administrativo por conta das sucessivas acusações de fraude no sistema eleitoral e das ameaças à realização das eleições de 2022. Além disso, o presidente será incluído no chamado “inquérito das fake news” que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes. Trata-se da mais contundente ação contra Bolsonaro desde que ele começou a ameaçar as eleições de 2022 e colocar em dúvida o sistema eleitoral brasileiro e a urna eletrônica.

Os ministros da Corte votaram a favor da instauração da apuração de ofício, ou seja, sem solicitação da Procuradoria-Geral Eleitoral. A decisão ocorre após a Corregedoria-Geral da Justiça Eleitoral notificar Bolsonaro a apresentar provas das irregularidades nas eleições de 2018 e não ter resposta. O prazo de cinco dias dado ao presidente venceu hoje. Com o inquérito, agora o TSE poderá “tomar as providências cabíveis para sanar ou evitar abusos e irregularidades e, ainda, requisitar a qualquer autoridade civil ou militar a colaboração necessária ao bom desempenho de sua missão”, conforme divulgação. A abertura do inquérito leva em consideração “relatos e declarações sem comprovação de fraudes no sistema eletrônico de votação com potenciais ataques à democracia”.

Abusos e mentiras

O inquérito administrativo vai apurar se, para espalhar seus ataques sem provas contra a Justiça Eleitoral e o sistema eletrônico de votações, Bolsonaro praticou “abuso do poder econômico e político, uso indevido dos meios de comunicação, corrupção, fraude, condutas vedadas a agentes públicos e propaganda extemporânea”. Segundo técnicos do TSE, o inquérito pode acarretar em impugnação de registo da candidatura de Bolsonaro ou inelegibilidade do presidente.

Em live nas redes sociais transmitida na última quinta-feira de julho (29), Bolsonaro usou uma série de vídeos antigos e informações falsas contra as urnas eletrônicas para alegar que o sistema é fraudável. Durante a transmissão, o presidente admitiu não ter provas das fraudes. Mas, por mais de duas horas, mentiu e voltou a usar informações falsas e descontextualizadas contra a Justiça Eleitoral.

Horas antes da decisão pelas medidas contra Bolsonaro tomada hoje, o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso respondeu aos recentes ataques do presidente. “A ameaça à realização de eleições é conduta antidemocrática. Suprimir direitos fundamentais, incluindo os de natureza ambiental é conduta antidemocrática. Conspurcar o debate público com desinformação, mentiras, ódios e teorias conspiratórias é conduta antidemocrática”, afirmou, em discurso pela reabertura do TSE, após o recesso eleitoral. O magistrado reafirmou que o voto impresso defendido por Bolsonaro facilitará a ocorrência de fraudes, e não o contrário, como o presidente costuma afirmar.

O líder da Oposição na Câmara, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), comentou sobre decisão do TSE de investigar ataques ao sistema eleitoral brasileiro. “O TSE acerta ao decidir investigar os ataques de Bolsonaro às urnas, à eleição e, portanto, à democracia. Bolsonaro já foi longe demais. Basta de impunidade. Agora vai ter que responder por seus atos e palavras.”

Fonte: Cut

Redação