Saída de Sergio Moro balança as estruturas e deputados falam em impeachment
O pedido de demissão do ministro da Justiça e de Segurança Pública, Sérgio Moro, com acusações ao presidente da República, Jair Bolsonaro, de querer interferir politicamente na Polícia Federal, repercutiu na Câmara dos Deputados. Moro afirmou que Bolsonaro disse a ele que queria ter uma pessoa próxima, de sua confiança para poder “ligar, colher informações e colher relatórios de inteligência”.
Líderes partidários e diversos parlamentares criticaram a decisão de Bolsonaro de trocar o comando da Polícia Federal.
O líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), afirmou que a demissão de Moro é uma sinalização muito ruim para a sociedade. “Sua saída não só é uma perda considerável ao governo e ao País, como pode indicar uma mudança preocupante na condução dos assuntos pertinentes ao Ministério da Justiça. É lamentável que o governo, em um momento de crise como este, perca um aliado de tamanha envergadura moral”, disse Sampaio.
O líder da Minoria, deputado José Guimarães (PT-CE), criticou Moro sobre sua condução como juiz e ministro, mas afirmou que sua demissão fortalece a necessidade do afastamento do presidente da República.
“Ele passou meses e meses calado. De santo, não tem nada! Sua demissão-delação diz muito sobre sua índole parcial, a mesma que condenou Lula sem provas. O projeto de poder do ex-juiz falou mais alto. Agora, mais do que nunca, o #ForaBolsonaro torna-se emergencial”, postou Guimarães em suas redes sociais.
A líder do PSL, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), afirmou em suas redes sociais que a saída de Moro mostra que o governo traiu o sistema de Justiça. Ela criticou o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente. “Pode demorar quatro anos, mas a máscara dos hipócritas sempre cai. Quem quer controlar a PF, bananinha, é seu pai pra proteger você e seus irmãos dos crimes que cometeram: gabinete do ódio, rachadinha”, publicou Hasselmann.
O líder do Novo, deputado Paulo Ganime (Novo-RJ), lamentou em suas redes sociais a saída do ministro. Segundo Ganime, é uma dia triste para o combate à corrupção. “O Brasil perde muito com a saída de Sérgio Moro, mas ele ganhou ainda mais o meu respeito pela postura e por não aceitar a interferência política na Polícia Federal”, afirmou Ganime.
O líder do MDB, deputado Baleia Rossi (MDB-SP), pediu serenidade. “Qualquer demissão agora é ruim. Sobretudo em pastas bem-avaliadas. Nosso maior inimigo é a pandemia. Temos de salvar vidas. Mais turbulência só prejudica o País. Repito: equilíbrio e serenidade”, postou o líder em suas redes sociais.
A líder do Psol, deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS), afirmou que as acusações de Moro contra Bolsonaro exigem a abertura de processo de impeachment. “Moro fez acusações muito graves contra Bolsonaro. Já há motivos de sobra para um impeachment, como sinalizamos no pedido assinado por 1 milhão de pessoas. Rodrigo Maia precisa receber os pedidos de impeachment urgentemente”, cobrou a líder.
O líder do DEM, deputado Efraim Filho (DEM-PB), afirmou que Moro deu exemplo de coragem e equilíbrio. “Renunciou ao cargo de Juiz federal para servir ao País e sua saída significa frustração no sonho de milhões de brasileiros. Notícia ruim para o governo e pior para o Brasil”, criticou Efraim Filho.
O líder da Oposição, deputado André Figueiredo (PDT-CE), afirmou que Maurício Valeixo não queria sair da direção-geral da PF e foi forçado a acatar a exoneração a pedido. “Sérgio Moro entrega todos os absurdos de Jair Bolsonaro”, diz Figueiredo.
A líder do PCdoB, deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), afirmou que vai encaminhar pedido de convocação de Sérgio Moro para esclarecer “o conjunto de crimes que presenciou o presidente Bolsonaro cometer”.
O líder do Podemos, deputado Leo Moraes (Pode-RO), postou nas redes sociais uma nota do partido em que lamenta a demissão de Sérgio Moro. “O combate à corrupção está no coração e na alma das aspirações nacionais.A Justiça é uma necessidade humana incontornável e, na sociedade política, deve figurar como prioridade. Sérgio Moro foi um verdadeiro titã. É a derrota da ética”, criticou Moraes.
O líder do PT, deputado Ênio Verri (PT-PR), disse que Bolsonaro quer ter acesso a investigações sigilosas. “Durante coletiva em que anunciou a sua demissão do Ministério da Justiça, Sérgio Moro confirmou que, durante os governos do PT, a Polícia Federal teve total autonomia. Já Bolsonaro quer um diretor-geral que o informe sobre investigações sigilosas”, afirmou Verri.
O líder do Cidadania, deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), afirmou que foi rompido o compromisso de autonomia da PF. “Sobrou uma grande indagação: por que interferir? Qual é o objetivo do presidente da República em mexer num cargo tão relevante para a segurança pública nacional? As revelações do ministros são gravíssimas e coloque em xeque de agora em diante todo e qualquer movimento de Bolsonaro nessa seara”, protestou Jardim.
O vice-líder do governo na Câmara, deputado Carlos Jordy (PSL-RJ), criticou a forma como o ministro pediu demissão. “Moro saiu, fomos pegos de surpresa. Ontem mesmo ele nos garantiu que não sairia. Para nós, base do governo, uma informação; para a extrema-imprensa, outra. Lamentável. E mais lamentável ainda a maneira como saiu. Enfim, o destino se encarregará de tudo. Vamos em frente!”, disse Jordy.
Reportagem – Luiz Gustavo Xavier
Edição – Wilson Silveira
Fonte: Agência Câmara de Notícias