Tradição e Cultura: Em Santa Rosa, Comunidade Quilombola Morro de São João realiza Festejo das Almas Santas Benditas

Tradição e Cultura: Em Santa Rosa, Comunidade Quilombola Morro de São João realiza Festejo das Almas Santas Benditas

Por Anne karianny Moreira

A comunidade quilombola Morro de São João realiza o Festejo das Almas Santas Benditas para homenagear os entes que já morreram. O festejo ocorre no Dia de Finados, 02 de novembro, e o seu objetivo é reverenciar os escravos mortos, é uma forma de lembrar-se dos entes que já partiram, além de resgatar o sentido sociocultural da comunidade por meio dessas expressões tradicionais que sobrevivem ao tempo.

O festejo inicia-se bem cedo, ao amanhecer do dia. A partir das 5h da manhã já começam a esquentar os tambores. Os familiares do rei e da rainha colocam lenha no fogão ou na trempe para fazer o almoço, os congos já estão pegando suas vestes para vestir-se.

As suas roupas seguem o modelo original, são elas que caracterizam os homens que dançam durante o festejo. As vestes são brancas e feitas de saco de estopa. As peças utilizadas na cintura são saiotes com comprimento abaixo do joelho, as camisas são de manga curta e, na cabeça, um adorno feito com penas de ema (essas peças são guardadas há décadas e reaproveitada ano após ano), em forma de arco, de cor prata, simbolizando uma coroa. 

Por Anne karianny Moreira

O sino da igreja local dá a primeira badalada simbolizando que está quase na hora da comunidade se apresentar para prestigiar o festejo. Na segunda badalada quase todos os fiéis já chegaram à igreja e na terceira e última badalada, todos já estão reunidos na igreja. Da igreja, os fiéis marcham para a casa do imperador para fazer o desjejum. Durante o percurso, os congos saem pulando a dança chamada de congada e cantando cantigas tradicionais ao som de cabaças e tambores. 

Depois que os túmulos são enfeitados e as orações concluídas, os congos e os demais moradores retornam. Durante a volta acontecem duas paradas: a primeira ocorre para que seja feito o desjejum dos fiéis e para que as pessoas descansem, já que o trajeto é longo, cerca 3 km até o cemitério, além de ser feito todo a pé.  Após concluída a refeição, eles continuam seguindo de volta para a comunidade. Ao chegar na entrada, é oferecida novamente outra refeição também cortesia da família do rei e da rainha. Essa segunda parada possui o mesmo tempo que a primeira, em torno de dez minutos. 

Após a segunda parada, eles se encaminham para a casa do Imperador e dançam a sússia e a famosa Jiquitaia ao som dos batuques e tambores cantarolando as cantigas ensinadas pelos seus antepassados. 

Redação